Todos nós já ouvimos que o consumo em brechó é o caminho para uma moda mais sustentável. Mas vocês já se perguntaram se a roupa que já existe é mais sustentável e acessível que uma nova produção?! No texto de hoje falaremos sobre a importância de entender o nosso consumo e como isso está ligado às grandes produções, e quando citamos produção, o primeiro ponto é: mão de obra barata e desemprego.
Não podemos excluir do debate as mãos que costuram nossas peças. Em uma matéria para o The New Times, a jornalista Elizabeth Paton chamou de apocalíptica a situação dos trabalhadores de vestuário de Bangladesh. Um dos maiores países exportadores da indústria da moda, que sofreu as grandes consequências da pandemia, shoppings fechados, pedidos cancelados e a incerteza do mercado.
Não é impossível pensar num programa que vise realocar os trabalhadores que vivem em espaços análogos a escravidão nesses grandes galpões de confecção, mas para isso, precisamos entender que não estamos fazendo nada de EXTREMAMENTE grandioso quando consumimos de "segunda mão". O ponto aqui é o mercado que manda X o mercado que é mandado. Enquanto consumidores somos mandados, enquanto trabalhadores também, enquanto INDÚSTRIA, eu mando.
E aqui nesse ponto entra o consumo, se você aí não consome no fast fashion mas lota seu guarda roupas de peças consumidas em brechós, quem costurou todas elas? E mais, qual é o impacto disso futuramente? Sinto em informar, nenhum!
A compulsividade em um mercado que não produz e só repassa, não tira a nossa parcela numa grande escala, é óbvio que não estamos incinerando peças em grandes lixões e muito menos explorando nenhuma mão de obra, mas precisamos entender que o consumo compulsivo existe dos dois lados, e aí, consumimos em brechós como válvula de escape.
De todas as formas, a decisão de mudança precisa vir de cima, como disse no começo da semana, não dá pra cobrar do consumidor quando o problema é de mercado, mas entender as demandas faz com que a hipocrisia não habite em nossas mentes.
Por isso, repense!
